sábado, 11 de julho de 2009

A filosofia apresenta o objeto ou o ser como algo passível de unificação, entendimento e coerência. É a interpretação do “ser natural” em sua essência, Porém, a ação antrópica considerou o “estar” em detrimento do “ser”. Poucos sabem que a teoria da evolução pode ser aplicada também ao comportamento e à cultura humana, como sugere a Memética. Essa teoria pode ser aplicada às linguagens que floresceram nos últimos mil anos e transformaram as “interpretações” em determinadas conjunturas históricas. O homem conquistou o meio e passou a cunhar “nomes” para os “estados” analisados. Iniciou-se assim o processo de aculturação humana sobre as “coisas” e o nascimento de uma nova forma de ler o mundo. E no contexto atual a arte de ler e aprender sofre prejuízo por parte da “mente exterior”.

O poder das letras está associado ao sujeito da ação, isto é, ao passo que a linguagem escrita organizou o emaranhado de símbolos e o homem substantivou o espaço, tornou-se papel do sujeito ter conhecimento do mundo para construir a dimensão dos fatos. A verbalização depende de um conhecimento adquirido. Em outras palavras, é a leitura que tem o poder de transformação. Ela confere ao leitor o status de “conhecedor do mundo”, possibilita interpretar o meio, permite ascensão social ou intelectual e permeia um deleite singular.

O número de leitores decresceu nos últimos anos e com isso os índices educacionais foram diretamente proporcionais. O planeta vive a era da terceirização – geografia para GPS, matemática para calculadora, gosto musical para “iTunes” e memória para Google e Wikipedia –, e as pessoas estão se tornando menos instruídas. Elas passam a perder sua autonomia para a “mente exterior”. A memória externalizada ganha foco e passa a ditar a vida das pessoas. No entanto, só por algum acessório facilitar e agilizar o cotidiano, o conhecimento não deve ser terceirizado.

A faculdade do escrever sobrevive em função do leitor. Independente de a mensagem possuir um receptor pré-estabelecido, o escritor transforma idéias em palavras na ânsia de tais símbolos gerarem uma apreensão de informações. O ledor adquire a experiência de outrem e com isso modifica o seu “ser” para um novo “estar”. A transformação ocorre tanto em nível emocional quanto profissional. Surgem risos, lágrimas, raiva e aversão a partir de palavras sozinhas ou em conjunto. A leitura forma críticos, médicos, advogados, escritores e não “fantoches da tecnologia”.




Maurício Veiga
(09/06/2009)

Obrigado a Táh, que ajudou reformular a introdução (:

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